hoje conheci florbela espanca em carne e osso... voltando da cova da moura e da rebolera, voltando das filmagens, andando vagarinho, pelas calçadas lisboetas, pintando com a câmera um flautista medieval andarílho, registrando no documentário ficcional um tocador de garrafa de tampinhas e violão quebrado ao meio... aos pés de mais outra igreja católica medieval... observo olhos atentos a respiros suspicazes... continuei, aqui as lisboetas são difíceis, aínda mais depois da zero hora, mas faltava aínda 1 hora pra isso... não ia falar nada, o brilho em seus olhos me ofuscava, como a vela na boca do mensageiro que pelo vento leva as mensagens em qualquer canto, em qualquer tempo...
amigas caboverdienses nascidas em portugal, outra amiga cabeça... eu dinosauro. aquela velha pergunta ridícula: "você não quer dar um depoimento", mas nesse momento era algo tão sutil, eu morto de cançasso, filmando des das 12hs de hoje... muito som alto, muito papo forte, muita energia do gueto... da senzala, da favela, eu esgotado... ela disse que me viu filmando o flautista, pelo menos ela sabia que não era mentira...
fomos andando e conversando, falando um pouco do que estou aprendendo... pessoas que são tão pra dentro, pessoas da minha cidade são tão pra fora... pessoas daqui falam de tudo em casa mas na rua se calam, devido ao que os outros vão dizer, tipo no tempo da minha vó em 1800... como no rio todo mundo se toca, fala alto, chega, se abraça, se ama na primeira noite... aqui tudo diferente, eu querendo dizer pra ela algo que só os olhos podiam, toques, poesias, palavras... relativamente proibidas.
mas talvez o dentro abrigue cavernas, labirintos impenetráveis, difíceis, segredos... talvez o pra fora se perca na vastidão da beleza das montanhas de xangô, das matas da jurema, do mar de ogum e yemanjá... que são profundos, mas as pessoas da minha cidade tem mania de ficar na beira da praia, na beira das matas, na beira de si mesmos... andamos, apenas... eu as morangostas... na realidade ela não é aquela florbela depressiva, mas sua reencarnação mais doida, exremamente viva! em todas as loucuras de seu corpo, seu mimetismo curvilíneo, no máximo da sua caretisse, palavra que conhece das novelas brasileiras que dominam a mediocridade televisiva alé mar...
mais uma volta, torcia para não encontrar os nazistas que as vezes ficam me olhando de longe e comentando... aki a paranóia é vera! tudo correu corrente.
descemos, falamos coisas que não lembro, tudo num terral animal, calmo, astral... peguei seus e-mails, elas o meu... mais um vento venta, pois vento que venta lá, venta cá... nos fomos, com um gosto de quero muito mais, com gosto gostoso de até depois amor, com o sabor da calma, do tempo certo, sem apego... como queria reencontrar florbela... comprei um livro seu original hoje de manhã numa feira... esgotado! cada qual com seu cada qual, cada qual pro seu lado... olhei no relógio 1 minuto depois de estar sozinho de novo, e era zero hora exata!
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