BEIJAÇO
Mariana Gomes
Estudos de Mídia - UFF
Data: 15 de junho de 2010 20:04
Assunto: [Estudos de Mídia] Ato contra a homofobia em Niterói!
Pessoal,
no mês de maio o Shopping Lido, que se localiza no bairro de Sâo Francisco, em Niterói, fechou um dos seus estabelecimentos com o argumento de que a presença de homossexuais faria mal para os negócios do lugar.
O estabelecimento que fechou foi a Sala Paratodos, onde ocorreram duas festas que eu produzi com amigos. Depois da segunda edição da festa, sentimos que havia algo de estranho no ar, mesmo sem termos notícia direta do que havia acontecido - apesar de o evento ter ocorrido sem problemas, duas pessoas reclamaram com a administração do Shopping pelo fato de um casal gay estar no espaço. A administração, então, pressionou a equipe da Paratodos para que eles evitassem o público homossexual.
Mais tarde, outros eventos com público homossexual aconteceram e a administração do Lido pressionou a Paratodos até que a sala fechasse, mesmo tendo sido concluída por lá uma reforma de R$30.000 há poucas semanas da data do fechamento.
Queremos realizar um Beijaço no Shopping Lido neste próximo sábado, para que a gente possa evidenciar a sua mentalidade e coletar provas da homofobia do lugar. Pra quem não sabe o que é Beijaço, é um ato pacífico de manifestação política em que vários casais homossexuais se beijam dentro ou diante de algum estabelecimento que tenha agido de maneira homofóbica em ocasião anterior.
beijaço contra a homofobia em niterói!
a acontecer no dia 19/6 às 15h,no Shopping Lido:
Avenida Quintino Bocaiúva 325.ônibus em Niterói: 32, 33, 17, 62, vans pra Jurujuba.
ônibus do Rio: 996, 998, 740-D, vans pra Niterói.Fica próximo de Icaraí! Muito simples de chegar.
Por favor amig@s, repassem para tod@s aqueles que puderem participar.
--
Tiago Rubini
(21) 9820-6164
quinta-feira, 17 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
LSDiscos
A LSDiscos não é um selo, embora o ácido lisérgico seja usualmente distribuído sob essa apresentação. Na real, é um coletivo/laboratório de sonificções (escrita por sons) que envolve pessoas movidas pelo desejo de intervenção musical coletiva, de atacar sensorialmente os desprevenidos e os prevenidos. Para tanto, nós jogamos no liquidificador tudo que mexe com a cabeça: eletrônica experimental, pós-rock, collage, poesia sonora, nu musique concrete, afrofuturismo, digital hardcore, funk neurótico e action sound - como está escrito aí em cima, no cabeçalho. Por trás do nome "LSD", vc vai encontrar projetos díspares entre si, cada qual com um direcionamento estético distinto, mas unidos pela vontade de experimentar. Começou com "Os Jerssons" e "Bolor9", depois incorporou projetos paralelos de membros das duas bandas ("HDJ" e "Pós-Ravers") e de pessoas próximas que se interessaram pela ´trip´ e resolveram lançar álbuns ou se apresentar ao vivo junto - é o caso do "Xepah", do "Camões Let´s Go", do "Winchester" (responsáveis pelo antigo design do rizoma.net), do "DJVu" (tragicamente morto numa sauna gay, no ano passado) e até mesmo do "Cine Victoria" (que, aqui em São Paulo, lançou Nãomeuamor em co-edição com a LSDiscos). Os projetos que estão sendo trabalhados com mais ênfase, no momento, são "Stã-BrBrA" e "Carlos O Chacal". A proliferação de projetos e heterónimos é quase esquizofrênica entre nós, sendo extremamente incentivada. Uma característica dos nossos disquinhos é a total ausência de informações sobre integrantes, equipamentos etc. Alguns discos sequer trazem impresso o nome do projeto ou mesmo o selo "LSD". Ocultura, saca?
Nós fazemos questão de manter a infra num nível lo-tek, por inúmeras razões: não acreditamos em messianismo tecnológico, a grana é curta e os desafios que os equipamentos mais lo-tek propõem são bem excitantes. Fazer som com tecnologias ultrapassadas ou descartadas é uma coisa que também nos fascina. Acho que os rituais que envolvem as gravações são mais importantes para os resultados finais do que a metodologia. Nós nos encontramos aqui em casa (no centro velho de São Paulo), trocamos muitas idéias sobre discos, livros e pessoas que andam fazendo a cabeça no momento, abrimos uma "roda de loucura", chapando até os miolos se liqüefazerem, e só depois disso tudo é que estamos prontos para começar os trabalhos.
Alguns escrevem com palavras; outros com sons - o que é o nosso caso. "Experimentar o experimental" é sempre a nossa bússola. Já experimentamos tanto, mas tanto, que é possível afirmar que fazemos "Música Experimentada". Outra coisa importante para nós é a improvisação. Praticamente tudo que gravamos é improvisado - ou seja: composto, tocado e gravado ao mesmo tempo, o equivalente, em música, ao que os surrealistas chamavam de ´escrita automática´. É uma arma para manter a espontaneidade e, acima de tudo, a relação de prazer com a música. Sem falar que é um puta desafio fazer música improvisacional. E improvisar em música eletrônica é algo particularmente mais complexo, e, obviamente, mais sedutor. Improvisar sempre foi uma piração para nós; dominar a linguagem da improvisação sempre nos pareceu a fonte para a liberação das energias mais intensas e inconscientes com que a música pode lidar. Nem o som que sai desse laboratório nem os efeitos que ele causa são premeditados, o que faz com que a reação do ouvinte seja sempre uma surpresa: para ele e para nós.
TESTE DO ESTILHAÇO
Genesis P Orridge
Personagem bizarríssima do cenário musical inglês (Throbbing Gristle; Psychic TV), Genesis P Orridge empurra o procedimento do "cut-up" até os abismos da prática Magicka (bom crowleyano e decadente que é) e TotAlquímica (transmutando seu próprio corpo em andrógino). O sampler, aqui tratado como "estilhaço" (termo muito mais virulento e de grande sugestão neuropolítica), é o instrumento por excelência para detonar estados de consciência alterados e a arma perfeita para a liber-ação.
______
Pode-se dizer que samplear, jogar em loop e re-montar (tanto materiais encontrados como sons de lugares específicos selecionados pela precisão de relevância para as implicações da mensagem de uma peça de música ou uma exploração transmídia) é um fenômeno TotAlquímico e mesmo Magicko. Não importa quão curto ou aparentemente irreconhecível seja um sampler para a percepção de TEMPO linear; ele inevitavelmente irá conter dentro de si (e acessível por si) a soma total de absolutamente tudo que seu contexto original representava, comunicava ou tocava de qualquer forma. E, sobretudo, também deverá incluir implicitamente a soma total de todos os indivíduos ligados de qualquer forma à introdução e à construção no interior da cultura original (hospedeira), e qualquer cultura subsequente (mutada ou projetada e sob qualquer modo, meio e forma) estabelece contato com o "eterno" (nas zonas de tempo do passado, presente, futuro e quantum).
"Duas partículas quaisquer que tenham um dia estado em contato continuarão a agir como se elas estivessem informacionalmente conectadas, independente de sua separação no tempo e espaço" (Teorema de Bell)
Se arrancarmos um pedaço de um holograma e depois o espalharmos, per-c/ser-beremos que em cada fragmento (não importa se pequeno, grande ou irregular) é visível todo o holograma. Isto é um fenômeno incrivelmente significativo. Se pegarmos, por exemplo, um estilhaço de John Lennon, este estilhaço irá conter, dentro de si e de forma bastante real, tudo o que John Lennon tenha experienciado; tudo que John Lennon tenha dito, composto, escrito, desenhado, expressado; todos os que já o conheceram; a soma total de todas essas e quaisquer outras interações; todos aqueles que algum dia o ouviram ou leram ou o viram ou pensaram a seu respeito ou reagiram a John Lennon ou qualquer outra coisa remotamente conectada a ele; todas as combinações passadas, presentes e/ou futuras de parte ou de tudo acima escrito.
Toda essa informação enciclopédica - bem como a viagem pelo tempo a ela conectada pela memória e pela experiência prévia - segue esse "estilhaço" da memória, pelo que deveríamos estar bem conscientes de que ele carrega em si uma seqüência infinita de conexões e progressões pelo tempo e espaço - tão longe quanto se desejar. Agora podemos todos manter o poder de montar - via "estilhaços" - feixes de uma qualquer era. Tais feixes são, basicamente, lembranças (1). Na verdade, o que eles estão fazendo é contornar os usuais filtros da realidade consensual (já que esses últimos têm lugar numa forma aceitável como tv, filmes, músicas, palavras), bem como viajar diretamente para seções "a-históricas" de sua mente, detonando toda e qualquer reverberação consciente ou inconsciente relacionada com aquele estilhaço-hieróglifo.
DESSA FORMA TEMOS LIBERDADE INFINITA PARA ESCOLHER E MONTAR, E TUDO QUE MONTAMOS É UM RETRATO DO QUE CONHECEMOS OU DO QUE VISUALIZAMOS SER. O ESTILHAÇAMENTO FEITO COM HABILIDADE PODE GERAR MANIFESTAÇÃO: ESTE É O "TESTE DO ESTILHAÇO".
Escolhemos estilhaços, consciente e inconscientemente, para representar nossos próprios padrões miméticos (DNA), nossos próprios aspirações e marcas culturais; invocamos, num sentido verdadeiramente Magicko, manifestações, talvez até resultados, a fim de confundir e dar curto-circuito em nossas percepções e na segurança do todo.
Qualquer coisa, sob qualquer meio imaginável, de qualquer cultura, que esteja de algum jeito gravada, e que possa ser de qualquer forma tocada novamente, encontra-se acessível e infinitamente maleável e utilizável por qualquer artista. Tudo está disponível. Tudo é livre. Tudo é permitido. MONTAGEM é a linguagem invisível de nosso TEMPO. Escolhas infinitas da realidade são o presente do software para nossas crianças.
NOTA:
(1) Impossível traduzir o termo original, já que traz em seu interior outras palavras e idéias: RE ("fazer de novo", como em "remodelar"), MIND (mente), RE-MIND ("re-mentar" ou "refazer a mente") e REMIND ("relembrar"). Este é só um exemplo das idiossincrasias que percorrem todos seus textos ("thee" em vez de "the"; "ov" em vez de "of"; etc). Tudo muito ao gosto de um certo Genesis P Orridge ("porridge" = aveia; "origin" = origem). [Nota do Trad.]
Escrito por Mário Bortolotto 1__#$!@%!#__hr_g.gif ¨
30/08/2009
Ontem comentava com alguns amigos:
"Eu tenho um amigo que é tão intelectual que assiste filme pornô até o final".
Kitagawa então mandou essa:
"É que ele não quer ter uma idéia errada do filme".
Nós fazemos questão de manter a infra num nível lo-tek, por inúmeras razões: não acreditamos em messianismo tecnológico, a grana é curta e os desafios que os equipamentos mais lo-tek propõem são bem excitantes. Fazer som com tecnologias ultrapassadas ou descartadas é uma coisa que também nos fascina. Acho que os rituais que envolvem as gravações são mais importantes para os resultados finais do que a metodologia. Nós nos encontramos aqui em casa (no centro velho de São Paulo), trocamos muitas idéias sobre discos, livros e pessoas que andam fazendo a cabeça no momento, abrimos uma "roda de loucura", chapando até os miolos se liqüefazerem, e só depois disso tudo é que estamos prontos para começar os trabalhos.
Alguns escrevem com palavras; outros com sons - o que é o nosso caso. "Experimentar o experimental" é sempre a nossa bússola. Já experimentamos tanto, mas tanto, que é possível afirmar que fazemos "Música Experimentada". Outra coisa importante para nós é a improvisação. Praticamente tudo que gravamos é improvisado - ou seja: composto, tocado e gravado ao mesmo tempo, o equivalente, em música, ao que os surrealistas chamavam de ´escrita automática´. É uma arma para manter a espontaneidade e, acima de tudo, a relação de prazer com a música. Sem falar que é um puta desafio fazer música improvisacional. E improvisar em música eletrônica é algo particularmente mais complexo, e, obviamente, mais sedutor. Improvisar sempre foi uma piração para nós; dominar a linguagem da improvisação sempre nos pareceu a fonte para a liberação das energias mais intensas e inconscientes com que a música pode lidar. Nem o som que sai desse laboratório nem os efeitos que ele causa são premeditados, o que faz com que a reação do ouvinte seja sempre uma surpresa: para ele e para nós.
TESTE DO ESTILHAÇO
Genesis P Orridge
Personagem bizarríssima do cenário musical inglês (Throbbing Gristle; Psychic TV), Genesis P Orridge empurra o procedimento do "cut-up" até os abismos da prática Magicka (bom crowleyano e decadente que é) e TotAlquímica (transmutando seu próprio corpo em andrógino). O sampler, aqui tratado como "estilhaço" (termo muito mais virulento e de grande sugestão neuropolítica), é o instrumento por excelência para detonar estados de consciência alterados e a arma perfeita para a liber-ação.
______
Pode-se dizer que samplear, jogar em loop e re-montar (tanto materiais encontrados como sons de lugares específicos selecionados pela precisão de relevância para as implicações da mensagem de uma peça de música ou uma exploração transmídia) é um fenômeno TotAlquímico e mesmo Magicko. Não importa quão curto ou aparentemente irreconhecível seja um sampler para a percepção de TEMPO linear; ele inevitavelmente irá conter dentro de si (e acessível por si) a soma total de absolutamente tudo que seu contexto original representava, comunicava ou tocava de qualquer forma. E, sobretudo, também deverá incluir implicitamente a soma total de todos os indivíduos ligados de qualquer forma à introdução e à construção no interior da cultura original (hospedeira), e qualquer cultura subsequente (mutada ou projetada e sob qualquer modo, meio e forma) estabelece contato com o "eterno" (nas zonas de tempo do passado, presente, futuro e quantum).
"Duas partículas quaisquer que tenham um dia estado em contato continuarão a agir como se elas estivessem informacionalmente conectadas, independente de sua separação no tempo e espaço" (Teorema de Bell)
Se arrancarmos um pedaço de um holograma e depois o espalharmos, per-c/ser-beremos que em cada fragmento (não importa se pequeno, grande ou irregular) é visível todo o holograma. Isto é um fenômeno incrivelmente significativo. Se pegarmos, por exemplo, um estilhaço de John Lennon, este estilhaço irá conter, dentro de si e de forma bastante real, tudo o que John Lennon tenha experienciado; tudo que John Lennon tenha dito, composto, escrito, desenhado, expressado; todos os que já o conheceram; a soma total de todas essas e quaisquer outras interações; todos aqueles que algum dia o ouviram ou leram ou o viram ou pensaram a seu respeito ou reagiram a John Lennon ou qualquer outra coisa remotamente conectada a ele; todas as combinações passadas, presentes e/ou futuras de parte ou de tudo acima escrito.
Toda essa informação enciclopédica - bem como a viagem pelo tempo a ela conectada pela memória e pela experiência prévia - segue esse "estilhaço" da memória, pelo que deveríamos estar bem conscientes de que ele carrega em si uma seqüência infinita de conexões e progressões pelo tempo e espaço - tão longe quanto se desejar. Agora podemos todos manter o poder de montar - via "estilhaços" - feixes de uma qualquer era. Tais feixes são, basicamente, lembranças (1). Na verdade, o que eles estão fazendo é contornar os usuais filtros da realidade consensual (já que esses últimos têm lugar numa forma aceitável como tv, filmes, músicas, palavras), bem como viajar diretamente para seções "a-históricas" de sua mente, detonando toda e qualquer reverberação consciente ou inconsciente relacionada com aquele estilhaço-hieróglifo.
DESSA FORMA TEMOS LIBERDADE INFINITA PARA ESCOLHER E MONTAR, E TUDO QUE MONTAMOS É UM RETRATO DO QUE CONHECEMOS OU DO QUE VISUALIZAMOS SER. O ESTILHAÇAMENTO FEITO COM HABILIDADE PODE GERAR MANIFESTAÇÃO: ESTE É O "TESTE DO ESTILHAÇO".
Escolhemos estilhaços, consciente e inconscientemente, para representar nossos próprios padrões miméticos (DNA), nossos próprios aspirações e marcas culturais; invocamos, num sentido verdadeiramente Magicko, manifestações, talvez até resultados, a fim de confundir e dar curto-circuito em nossas percepções e na segurança do todo.
Qualquer coisa, sob qualquer meio imaginável, de qualquer cultura, que esteja de algum jeito gravada, e que possa ser de qualquer forma tocada novamente, encontra-se acessível e infinitamente maleável e utilizável por qualquer artista. Tudo está disponível. Tudo é livre. Tudo é permitido. MONTAGEM é a linguagem invisível de nosso TEMPO. Escolhas infinitas da realidade são o presente do software para nossas crianças.
NOTA:
(1) Impossível traduzir o termo original, já que traz em seu interior outras palavras e idéias: RE ("fazer de novo", como em "remodelar"), MIND (mente), RE-MIND ("re-mentar" ou "refazer a mente") e REMIND ("relembrar"). Este é só um exemplo das idiossincrasias que percorrem todos seus textos ("thee" em vez de "the"; "ov" em vez de "of"; etc). Tudo muito ao gosto de um certo Genesis P Orridge ("porridge" = aveia; "origin" = origem). [Nota do Trad.]
Escrito por Mário Bortolotto 1__#$!@%!#__hr_g.gif ¨
30/08/2009
Ontem comentava com alguns amigos:
"Eu tenho um amigo que é tão intelectual que assiste filme pornô até o final".
Kitagawa então mandou essa:
"É que ele não quer ter uma idéia errada do filme".
Ilha do Medo
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Duas tramas se sobrepõem em Ilha do Medo: uma trama de mistério que envolve dois investigadores federais procurando pistas de uma mulher que desapareceu numa prisão psiquiátrica de segurança máxima, localizada numa ilha permeada de segredos; e uma trama subjetiva de um homem que presenciou horrores na guerra, depois perdeu a esposa, depois sofreu com o alcoolismo e agora tenta lidar com seus traumas. Scorsese une os dois fios narrativos numa ficção paranóica à moda antiga, movida por teorias conspiratórias, fumaça de cigarros, vilões de sotaque germânico, enredo psicanalítico etc. Ilha do Medo repete a mão pesada dos filmes recentes de Scorsese. Mas aqui não é a montagem de Thelma Schoonmaker a principal responsável pelo mau acabamento de algumas partes: seu trabalho foi preciso desta vez. A fotografia de Robert Richardson, em compensação, tem vários momentos de muito mau gosto, sobretudo nos flash-backs de cor estridente e luz hiper-exposta de Teddy (Leonardo DiCaprio) com sua esposa: para mostrar o estado agonizante de um mundo – o da classe média americana dos anos 1950 – que era vendido como sinônimo de conforto, amenidade, perfeição, Scorsese e Richardson exageraram na dose e saturaram ao máximo os tons pastéis das roupas e dos interiores das casas, sublinhando o apodrecimento que estava por trás da imagem do bem-estar numa estratégia visual um tanto pobre. A trilha sonora também entra rasgando e martela os acordes de suspense nos nossos ouvidos até cansar, mas o efeito dramático obtido é muito mais interessante que o da fotografia. Scorsese tem algumas posturas curiosas para um diretor veterano. Ele lida com algumas referências cinéfilas como se ainda fosse um novato. Na cena em que Teddy explode o carro de um dos psiquiatras, por exemplo, há um plano claramente tarkovskiano que consiste num travelling lateral em câmera lentíssima, com a mulher e a filha de Teddy à frente do carro, memória e presente condensados no mesmo bloco de espaço-tempo. É como se Scorsese tivesse acabado de ver Nostalgia pela
primeira vez quando rodou aquele plano.
lsdiscos • A nata dos derretidos
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Duas tramas se sobrepõem em Ilha do Medo: uma trama de mistério que envolve dois investigadores federais procurando pistas de uma mulher que desapareceu numa prisão psiquiátrica de segurança máxima, localizada numa ilha permeada de segredos; e uma trama subjetiva de um homem que presenciou horrores na guerra, depois perdeu a esposa, depois sofreu com o alcoolismo e agora tenta lidar com seus traumas. Scorsese une os dois fios narrativos numa ficção paranóica à moda antiga, movida por teorias conspiratórias, fumaça de cigarros, vilões de sotaque germânico, enredo psicanalítico etc. Ilha do Medo repete a mão pesada dos filmes recentes de Scorsese. Mas aqui não é a montagem de Thelma Schoonmaker a principal responsável pelo mau acabamento de algumas partes: seu trabalho foi preciso desta vez. A fotografia de Robert Richardson, em compensação, tem vários momentos de muito mau gosto, sobretudo nos flash-backs de cor estridente e luz hiper-exposta de Teddy (Leonardo DiCaprio) com sua esposa: para mostrar o estado agonizante de um mundo – o da classe média americana dos anos 1950 – que era vendido como sinônimo de conforto, amenidade, perfeição, Scorsese e Richardson exageraram na dose e saturaram ao máximo os tons pastéis das roupas e dos interiores das casas, sublinhando o apodrecimento que estava por trás da imagem do bem-estar numa estratégia visual um tanto pobre. A trilha sonora também entra rasgando e martela os acordes de suspense nos nossos ouvidos até cansar, mas o efeito dramático obtido é muito mais interessante que o da fotografia. Scorsese tem algumas posturas curiosas para um diretor veterano. Ele lida com algumas referências cinéfilas como se ainda fosse um novato. Na cena em que Teddy explode o carro de um dos psiquiatras, por exemplo, há um plano claramente tarkovskiano que consiste num travelling lateral em câmera lentíssima, com a mulher e a filha de Teddy à frente do carro, memória e presente condensados no mesmo bloco de espaço-tempo. É como se Scorsese tivesse acabado de ver Nostalgia pela
primeira vez quando rodou aquele plano.
lsdiscos • A nata dos derretidos
roberto alvim
diário de guerra
Alguns livros altamente recomendáveis a quem não compactue da idiotia coletiva contemporânea: ONDA DE CRIMES, de James Ellroy, conjunto de histórias do maior autor noir americano, incluindo aquela em que remói o assassinato de sua própria mãe, crime que permaneceu não-resolvido e que deu voz de escritor a Ellroy; GLAMORAMA, clássico instantâneo do grande Bret Easton Ellis: modelos, champagne e corpos humanos estraçalhados no Cafe de Flore; 1933 FOI UM ANO RUIM, do pai-de-todos John Fante – humano, humano, humano...; A GORDA DO TIKI BAR, do Dalton Trevisan, safado e divertido, uma hora de masturbação satisfatória ou seu dinheiro de volta; e TERRORISTAS DO MILÊNIO, do gênio J. G. Ballard, abrindo mais um bolsão de imaginação onde não prevíamos ser possível. É isso aí, amiguinhos: TV e cinema fedem; literatura ainda é a maior diversão...
*
Esqueci de mencionar JOANA A CONTRAGOSTO, do Marcelo Mirisola, certamente um dos maiores escritores brasileiros em atividade, ainda que pouco conhecido (e poderia ser diferente?). O cara tem cinco livros publicados e escreve como um psicopata mata: obsessivo, meticuloso, ensandecido. O sangue que encharca as páginas é dele e é nosso, também.
*
E permitam-me ainda me referir ao prazer de uma descoberta sensacional: a da literatura do Nilo Oliveira. Caiu-me nas mãos a obra-prima PORNOGRAFIA PESSOAL (DE UM ILUSIONISTA FRACASSADO), conjunto de contos do sujeito. Indescritível – uma porrada que deu medo e que me fez sonhar com antigos demônios que eu precisava rever... O livro do Nilo Oliveira conjurou os ditos pra mim e não foi uma experiência agradável. Mas o caso é que eu seria um ser humano mais pobre se não tivesse lido o seu PORNOGRAFIA PESSOAL.
*
Por último na lista de presentes, um disco: 4, do Los Hermanos. Se você não está familiarizado com a música do grupo provavelmente vai detestar o som na primeira audição. Mas, sem saber muito bem porque, vai querer ouvir uma segunda vez, e aí... Marcelo Camelo é o melhor compositor jovem do Brasil; Rodrigo Amarante também é impressionante, e a banda está anos-luz à frente destas merdas que ouvimos nas FMs: Skank, JQuest, etc, etc. Altíssimo nível, a música e a poesia. Um alento, uma alegria, um eco – nossas almas torturadas pela imbecilidade do senso comum agradecem.
*
Vi hoje na TV a cabo MODIGLIANI, filme sobre o pintor com o fraco Andy Garcia no papel principal. Interessante pelo personagem e sua história de vida: Amadeu Modigliani (por cuja obra eu particularmente nutro um forte amor sensorial, imenso apreço pelo prazer que me proporciona a observação de seus quadros – alguns deles residindo em São Paulo, no Masp), de ascendência italiana, viveu em Paris no mesmo período de Renoir (que é apresentado no filme como um Deus meio louco, alheio a tudo que não seja pintura, passeando perdido na Terra...). Teve uma série de episódios de rivalidade com Picasso – brigas públicas, ofensas mútuas, sempre disputando quem tinha o pau maior. Claro que o de Picasso era maior, e o caráter amoral e perverso do espanhol subjuga e humilha em diversas ocasiões o frágil e alucinado Modigliani. O filme reproduz um diálogo entre eles que realmente ocorreu: PP- Sabe qual é a diferença entre Picasso e Modigliani?
AM- (Receoso) Não...
PP- (Sorrindo zombeteiramente) O sucesso! De certo modo, o que Picasso fazia era provocar até a loucura pintores que ele considerava potencialmente bons, para que, movidos pelo ódio a ele, pudessem ir mais longe em suas habilidades. A raiva, sabia Picasso, sempre foi o motor mais poderoso a impulsionar o gênio humano...
*
Mas o mais interessante no filme é observar como Modigliani e seus companheiros, os grandes (e razoavelmente obscuros) Soutine e Utrillo, entregavam-se a suas visões de mundo e delas não abriam mão nem sob tortura (morrem todos loucos, internados em manicômios, alcoólatras, drogados, marginais, mas fiéis a si mesmos). Modigliani via as pessoas de um jeito muito específico e as pintava dessa maneira; poderia pintá-las de um modo belamente tradicional, tinha habilidade para tal, mas não o fazia, não podia fazê-lo... Preferia passar fome, ficar doente, morrer, a trair sua arte. Não era um discurso, era sua vida inteira. Por quê? O que o movia, que valores? Hoje rotulamos essa atitude como romântica e nos abrigamos em nossos aquários de cinismo e pragmatismo, nos localizando saudavelmente operacionais em nosso fantástico mundo de serviços... Que força movia Modigliani, Soutine, Utrillo, Renoir? E por que essa loucura não faz parte de nossas vidas? Por quê?
*
A obra de arte é sempre comovente e desagradável. Ao mesmo tempo.
*
Mulher. Coisa rara de acontecer. E, quando acontece, coisa rara de dar certo. Um bicho escorregadio, aparelhado de silêncios imprevisíveis e pequenos objetos íntimos esquecidos de propósito pela casa. Tudo premeditado – o perfume na fronha, os brincos sobre o criado-mudo – pra tornar ainda mais pesada a solidão que deixam no seu rastro depois que batem a porta atrás de si, pra nunca mais.. Nilo Oliveira, Carta de amor (pra acabar de vez com a tua admiração) Escrito por Mário Bortolotto às 05h18
diário de guerra
Alguns livros altamente recomendáveis a quem não compactue da idiotia coletiva contemporânea: ONDA DE CRIMES, de James Ellroy, conjunto de histórias do maior autor noir americano, incluindo aquela em que remói o assassinato de sua própria mãe, crime que permaneceu não-resolvido e que deu voz de escritor a Ellroy; GLAMORAMA, clássico instantâneo do grande Bret Easton Ellis: modelos, champagne e corpos humanos estraçalhados no Cafe de Flore; 1933 FOI UM ANO RUIM, do pai-de-todos John Fante – humano, humano, humano...; A GORDA DO TIKI BAR, do Dalton Trevisan, safado e divertido, uma hora de masturbação satisfatória ou seu dinheiro de volta; e TERRORISTAS DO MILÊNIO, do gênio J. G. Ballard, abrindo mais um bolsão de imaginação onde não prevíamos ser possível. É isso aí, amiguinhos: TV e cinema fedem; literatura ainda é a maior diversão...
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Esqueci de mencionar JOANA A CONTRAGOSTO, do Marcelo Mirisola, certamente um dos maiores escritores brasileiros em atividade, ainda que pouco conhecido (e poderia ser diferente?). O cara tem cinco livros publicados e escreve como um psicopata mata: obsessivo, meticuloso, ensandecido. O sangue que encharca as páginas é dele e é nosso, também.
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E permitam-me ainda me referir ao prazer de uma descoberta sensacional: a da literatura do Nilo Oliveira. Caiu-me nas mãos a obra-prima PORNOGRAFIA PESSOAL (DE UM ILUSIONISTA FRACASSADO), conjunto de contos do sujeito. Indescritível – uma porrada que deu medo e que me fez sonhar com antigos demônios que eu precisava rever... O livro do Nilo Oliveira conjurou os ditos pra mim e não foi uma experiência agradável. Mas o caso é que eu seria um ser humano mais pobre se não tivesse lido o seu PORNOGRAFIA PESSOAL.
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Por último na lista de presentes, um disco: 4, do Los Hermanos. Se você não está familiarizado com a música do grupo provavelmente vai detestar o som na primeira audição. Mas, sem saber muito bem porque, vai querer ouvir uma segunda vez, e aí... Marcelo Camelo é o melhor compositor jovem do Brasil; Rodrigo Amarante também é impressionante, e a banda está anos-luz à frente destas merdas que ouvimos nas FMs: Skank, JQuest, etc, etc. Altíssimo nível, a música e a poesia. Um alento, uma alegria, um eco – nossas almas torturadas pela imbecilidade do senso comum agradecem.
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Vi hoje na TV a cabo MODIGLIANI, filme sobre o pintor com o fraco Andy Garcia no papel principal. Interessante pelo personagem e sua história de vida: Amadeu Modigliani (por cuja obra eu particularmente nutro um forte amor sensorial, imenso apreço pelo prazer que me proporciona a observação de seus quadros – alguns deles residindo em São Paulo, no Masp), de ascendência italiana, viveu em Paris no mesmo período de Renoir (que é apresentado no filme como um Deus meio louco, alheio a tudo que não seja pintura, passeando perdido na Terra...). Teve uma série de episódios de rivalidade com Picasso – brigas públicas, ofensas mútuas, sempre disputando quem tinha o pau maior. Claro que o de Picasso era maior, e o caráter amoral e perverso do espanhol subjuga e humilha em diversas ocasiões o frágil e alucinado Modigliani. O filme reproduz um diálogo entre eles que realmente ocorreu: PP- Sabe qual é a diferença entre Picasso e Modigliani?
AM- (Receoso) Não...
PP- (Sorrindo zombeteiramente) O sucesso! De certo modo, o que Picasso fazia era provocar até a loucura pintores que ele considerava potencialmente bons, para que, movidos pelo ódio a ele, pudessem ir mais longe em suas habilidades. A raiva, sabia Picasso, sempre foi o motor mais poderoso a impulsionar o gênio humano...
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Mas o mais interessante no filme é observar como Modigliani e seus companheiros, os grandes (e razoavelmente obscuros) Soutine e Utrillo, entregavam-se a suas visões de mundo e delas não abriam mão nem sob tortura (morrem todos loucos, internados em manicômios, alcoólatras, drogados, marginais, mas fiéis a si mesmos). Modigliani via as pessoas de um jeito muito específico e as pintava dessa maneira; poderia pintá-las de um modo belamente tradicional, tinha habilidade para tal, mas não o fazia, não podia fazê-lo... Preferia passar fome, ficar doente, morrer, a trair sua arte. Não era um discurso, era sua vida inteira. Por quê? O que o movia, que valores? Hoje rotulamos essa atitude como romântica e nos abrigamos em nossos aquários de cinismo e pragmatismo, nos localizando saudavelmente operacionais em nosso fantástico mundo de serviços... Que força movia Modigliani, Soutine, Utrillo, Renoir? E por que essa loucura não faz parte de nossas vidas? Por quê?
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A obra de arte é sempre comovente e desagradável. Ao mesmo tempo.
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Mulher. Coisa rara de acontecer. E, quando acontece, coisa rara de dar certo. Um bicho escorregadio, aparelhado de silêncios imprevisíveis e pequenos objetos íntimos esquecidos de propósito pela casa. Tudo premeditado – o perfume na fronha, os brincos sobre o criado-mudo – pra tornar ainda mais pesada a solidão que deixam no seu rastro depois que batem a porta atrás de si, pra nunca mais.. Nilo Oliveira, Carta de amor (pra acabar de vez com a tua admiração) Escrito por Mário Bortolotto às 05h18
Biography of Kerry Laitala
Laitala grew up in the wilds of the Maine coast, while developing a chronic passion for old things. She attended Massachusetts College of Art studying Photography and Film and received her Masters degree from the San Francisco Art Institute in Film. She has been awarded the Princess Grace Award in 1996, and the Special Projects Grant from PGF in 2004 and 2007. Awards have also been received from the Black Maria Film Festival and Big Muddy Film Festival and the San Francisco International Film Festival as well as residency at the Academie Schloss Solitude near Stuttgart, Germany. Her penchant for medical imagery and artifacts of decay springs from occupations in medical and dental institutions where she works during the day when she is not teaching film classes at the San Francisco Art Institute. For every work she produces, she places her fingers on the pulse of the piece and allows it to grow organically without a script or prescribed plan. She prescribes to the concepts laid down by Germaine Dulac, maker of surrealist films in the 1920’s, that cinema should not be enslaved by narrative and theatre, and is interested in expansive forms of media production. Laitala is deeply invested in the process of working directly with the film medium basically is involved in all aspects of production: shooting, developing, editing and sound design as well as optical printing much of material to further re-work it into another form.
Laitala's second 35mm film entitled the "Muse of Cinema" has recently premiered at the 36th International Film Festival Rotterdam, has won the Director's Choice Award from the Black Maria Film and Video Festival, and the Best Bay Area Non Documentary Film Award from the 50th San Francisco International Film Festival. "Torchlight Tango", completed in 2005, is a film that lyrically demonstrates the hand- made film process and shows the maker at work on the first film in the Muse Series. Torchlight Tango has garnered awards at both the S. F. International Film Festival and the Black Maria Film Festival.
Projector performances include a piece entitled "Hocus Pocus… Abracadabra!!!" which won the Chris Holter Visionary Film Award from the 2007 Madcat Women's International Film Festival. Otherwise known as expanded cinema, this hybrid multiple projector work incorporates several different media including 16mm loops, 35mm slides and video with a stereo soundtrack. "Hocus Pocus… ABRACADABRA" is a true hybrid, performance piece: conceptually, anachronistically and technologically speaking. Intertwining live sleight of hand illusions and the magical evocation of past spirits, "Hocus Pocus…" highlights the intersection of these two types of spectral displays. Laitala was also invited to perform this piece at the Rubicon Estate's Centennial Museum's Gala opening in Napa Valley with Francis Ford Coppala in attendance.
She is currently in post production on the hand made, hand processed films entitled the "Muse of Cinema Series" with a flashlight in her studio. “Phantogram” is her most recently completed project and she is in the process of finishing “Spectrolgy” on 16mm film with an optical soundtrack. This film artist uses the “Muse Series” to directly address the audience by re-animating Magic Lantern slides from the early years of cinema, and incorporating them into a cinematic collage. Her work has been screened internationally and in the celestial ether which connects us with the music of the spheres.
Laitala was also chosen as a recipient of a GOLDIE- (Guardian Outstanding Local Discovery Award) -2007 from the San Francisco Bay Guardian
Laitala grew up in the wilds of the Maine coast, while developing a chronic passion for old things. She attended Massachusetts College of Art studying Photography and Film and received her Masters degree from the San Francisco Art Institute in Film. She has been awarded the Princess Grace Award in 1996, and the Special Projects Grant from PGF in 2004 and 2007. Awards have also been received from the Black Maria Film Festival and Big Muddy Film Festival and the San Francisco International Film Festival as well as residency at the Academie Schloss Solitude near Stuttgart, Germany. Her penchant for medical imagery and artifacts of decay springs from occupations in medical and dental institutions where she works during the day when she is not teaching film classes at the San Francisco Art Institute. For every work she produces, she places her fingers on the pulse of the piece and allows it to grow organically without a script or prescribed plan. She prescribes to the concepts laid down by Germaine Dulac, maker of surrealist films in the 1920’s, that cinema should not be enslaved by narrative and theatre, and is interested in expansive forms of media production. Laitala is deeply invested in the process of working directly with the film medium basically is involved in all aspects of production: shooting, developing, editing and sound design as well as optical printing much of material to further re-work it into another form.
Laitala's second 35mm film entitled the "Muse of Cinema" has recently premiered at the 36th International Film Festival Rotterdam, has won the Director's Choice Award from the Black Maria Film and Video Festival, and the Best Bay Area Non Documentary Film Award from the 50th San Francisco International Film Festival. "Torchlight Tango", completed in 2005, is a film that lyrically demonstrates the hand- made film process and shows the maker at work on the first film in the Muse Series. Torchlight Tango has garnered awards at both the S. F. International Film Festival and the Black Maria Film Festival.
Projector performances include a piece entitled "Hocus Pocus… Abracadabra!!!" which won the Chris Holter Visionary Film Award from the 2007 Madcat Women's International Film Festival. Otherwise known as expanded cinema, this hybrid multiple projector work incorporates several different media including 16mm loops, 35mm slides and video with a stereo soundtrack. "Hocus Pocus… ABRACADABRA" is a true hybrid, performance piece: conceptually, anachronistically and technologically speaking. Intertwining live sleight of hand illusions and the magical evocation of past spirits, "Hocus Pocus…" highlights the intersection of these two types of spectral displays. Laitala was also invited to perform this piece at the Rubicon Estate's Centennial Museum's Gala opening in Napa Valley with Francis Ford Coppala in attendance.
She is currently in post production on the hand made, hand processed films entitled the "Muse of Cinema Series" with a flashlight in her studio. “Phantogram” is her most recently completed project and she is in the process of finishing “Spectrolgy” on 16mm film with an optical soundtrack. This film artist uses the “Muse Series” to directly address the audience by re-animating Magic Lantern slides from the early years of cinema, and incorporating them into a cinematic collage. Her work has been screened internationally and in the celestial ether which connects us with the music of the spheres.
Laitala was also chosen as a recipient of a GOLDIE- (Guardian Outstanding Local Discovery Award) -2007 from the San Francisco Bay Guardian
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ADULT.
Biografia
O ADULT. foi formado no final dos anos 90, em Detroit, pela fotógrafa de moda Nicola Kuperus e pelo músico Adam Lee Miller (Le Car, Artificial Material). Junto com artistas como o Dopplereffekt e seus próprios colegas do Ersatz Audio, eles foram responsáveis por manter viva nos anos 90 a tradição do electro oitentista.
ADULT.
Biografia
O ADULT. foi formado no final dos anos 90, em Detroit, pela fotógrafa de moda Nicola Kuperus e pelo músico Adam Lee Miller (Le Car, Artificial Material). Junto com artistas como o Dopplereffekt e seus próprios colegas do Ersatz Audio, eles foram responsáveis por manter viva nos anos 90 a tradição do electro oitentista.
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