sábado, 3 de abril de 2010

Cambralha - longa

aspectos meta-existenciais da personagem:




01. ANJA NEGRA, mensageira onírica universal, rizoma da semiótica do feminino, animus, andarilha das madrugadas, dona das encruzilhadas, conhecedora de todos os espaços obscuros das grandes cidades desnudas.



Sua sombra é a sua melhor amiga, perpassa dentre lugares não ditos, mal ditos & temidos.



Seu corpo se transmuta conforme seu estado letal, trava batalhas espirituais com elementos inconscientes devastadores, mergulha profundo no self, desata a trama da humanidade doente em micro segundos inexistentes. Curandeira das almas, amiga dos desesperados, combatente anarquista dos antigos exércitos libertários desaparecidos, sobrevivente das linhas de combate.



Nômade Sambaqui, viveu com nativos Tupinambás, neta de Cunhãnbébe, lutou na Confederação dos Tamoios, esposa de Zumbi, hoje vaga solitária a luz das ruas iluminadas.



Alta e baixa, gorda e magra, vermelha, amarela, preta e branca, forte cabocla fraca, conhecedora dos códigos arcaicos ignorados pelas ciências exatas. A poesia é sua gíria, sua língua materna, sobrevoa hemisférios inabitados pela humanidade conformada, lá faz sua morada. Descendente do nada, irmã mais nova de Irin-Magé, sua família vive nas águas, sua mãe é a dona dos mares, seu pai, rei dos oceanos. Sua terra natal é o fundo do mar, cabocla virtual das correntezas mais violentas inatas, um de seus nomes é Guajupiá, grande guerreiro de Ipopema.



A pesar de ter nascido morta, a ANJA NEGRA vaga putrefada, linda, indomada, usa todos os perfumes da madrugada, transmuta odores íntimos, visceralidade hereditária das entranhas de todas as artes, profundeza grotesca, formas monstruosas arrebatadoras, espera o dia nascer para sentir a volta de seu pai a terra fria.



ANJA NEGRA, mãe da CAMBRALHA, entidade inventada cheia de significados arranjados, somente energia unificada perdidamente dilacerada traduz a fascinante lógica do nada.



Seu figurino eclético varia entre simples vestes brancas, roupas remendadas, usa terno e mala de couro, oscila várias vezes ao dia, é o homem mais rico do universo, sua herança é a ancestralidade enraizada, energia sincronizada a luz dos astros dilacerados.



Vezes se encontra embriagada, quando abstinente, acorda cedo e caminha pelos litorais das cidades baixas. É presidiária, interna das instituições da morte, o manicômio sua casa, no acaso encontra-se com o velho das montanhas das encruzilhadas. A pouco seu ancestral fora desenterrado por uma equipe de jovens arqueólogos esforçados, na Lagoa Santa, perto do antigo Lago.

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